A relação entre nosso conhecimento do mundo e as frases através das quais tal conhecimento é transmitido é explicita: não podemos pensar, ou pelo menos transmitir o conteúdo de nossos pensamentos, senão através de palavras. Todavia, durante muito tempo acreditou-se que as frases através das quais tal conhecimento era expresso destinavam-se a fornecer um reflexo acurado do mundo, uma representação correta deste. Segundo esse ponto de vista o conhecimento era algo como uma imagem mental correta do mundo, a qual a linguagem poderia transmitir de forma apropriada ou não. Essa concepção trazia consigo a consequência de que o conhecimento não possuiria uma relação necessária com nossas ações. Um determinado conhecimento poderia não possuir nenhuma implicação prática e a verdade não possuiria uma relação intrínseca com sua utilidade, sendo ele uma mera constatação de como as coisas são. Mais do que isso, a atividade especulativa deveria ser concebida com uma forma totalmente impessoal e contemplativa de ação. A concepção mentalista do significado, desenvolvida por filósofos como René Descartes, parte de pressupostos como o de que nossas relações com o mundo são, sobretudo relações de representação. Também é um pressuposto central a tal concepção o de que o conhecimento, entendido como uma apreensão verdadeira do mundo, constitui-se como uma atividade central e privilegiada do ser humano. O conhecimento assim compreendido, teria na linguagem seu veículo, não chegando ao entanto a identificar-se totalmente com esta. Em síntese: ao menos em tese poderiam existir verdades que a linguagem não poderia transmitir. Aceitando esses pressupostos poderíamos chegar a um ponto, como realmente chegaram filósofos como Schopenhauer, em que a verdade sobre o mundo poderia nos reduzir a mais absoluta Também poderia ocorrer que devido à relação contingente entre verdade e utilidade resolvêssemos abrir mão de justificar nossas afirmações de cunho ético, o que levaria esvaziar a razão de seu potencial prático.
A concepção pragmatista de verdade propõe-se a resignificar as pretensões de universalidade da filosofia de viés mentalista e correspondentista ao mesmo tempo em que naturaliza nossa compreensão da relação entre linguagem e conhecimento. Tal concepção esquiva-se a questionamentos essencialistas que pressupõem que a verdade de uma sentença é a sua correspondência ao modo como as coisas realmente são. No lugar de tal pressuposição o pragmatismo coloca a de que “O verdadeiro é apenas aquilo que se mostra bom no sentido da crença”, conforme Wiliam James o expressou. A concepção pragmatista de conhecimento também se propõe a substituir as relações de representação entre os Homens e o mundo por relações causais, o que teria profundas consequências no campo ético e epistemológico. Para o pragmatismo a relação entre nosso conhecimento do mundo e nossa linguagem é quase de identidade, apenas o que podemos expressar sobre o mundo constitui o seu conteúdo verdadeiro. O mundo, no entanto, permanece existindo para além das nossas frases sobre ele, contudo não há nada que se possa dizer disto.
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